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ADENOMA NO FÍGADO É CIRÚRGICO?

O adenoma hepático se forma quando há a proliferação anormal de hepatócitos num fígado de parênquima sem alterações. Epidemiologicamente, é mais prevalente em mulheres, com uma relação H:M de aproximadamente 10:1. A faixa etária de acometimento gira em torno dos 20-40 anos e está relacionado com uso crônicos de hormônios, principalmente pílulas anticoncepcionais combinadas e anabolizantes.
Normalmente são lesões únicas. Apenas 15% dos casos se apresentam com mais de uma lesão. Quando há 10 ou mais lesões, denomina-se uma condição chamada adenomatosis. A adenomatosis, curiosamente, não apresenta relação com uso crônico de esteroides ou uma prevalência aumentada no sexo feminino. A histologia apresenta cordões de glicogênio e lipídeo, sem a presença da arquitetura clássica do fígado comum e sem a presença de estruturas biliares.

Portadores de adenomas hepáticos apresentam sintomas em apenas metade dos casos, normalmente relacionadas a hemorragia e/ou necrose da lesão, que levam a compressão de estruturas gerando dor, principalmente em quadrantes superiores de abdômen. O exame físico nesses casos é inespecífico na grande maioria das vezes, com a hepatimetria aumentada em poucos casos.

A tomografia computadorizada de abdômen demonstra uma massa bem circunscrita, heterogênea, que durante a fase arterial apresenta uma captação mais aumentada. A ressonância magnética de abdômen vem crescendo no contexto do diagnóstico do adenoma hepático, apresentando achados bem específicos para delimita-lo como por exemplo a definição de massa heterogênea bem delimitada contendo gordura ou sangue.

O comportamento do adenoma hepático é indolente, não apresentando sintomas ou achados de uma maneira geral. As suas duas principais complicações, que são a hemorragia e a transformação para o carcinoma hepatocelular, são o que geram preocupação para o cirurgião cuidando dessa patologia. As estatísticas são bem nebulosas e difíceis de quantificar, porém há um risco estimado de ruptura em torno de 30 a 50%, sendo diretamente proporcional o aumento do risco de acordo com o tamanho da lesão. A porcentagem exata da transformação de adenoma para carcinoma é dúbia na literatura, sendo apenas sabido que a possibilidade da mesma ocorrer é baixa.

O tratamento é totalmente dependente da apresentação da lesão associado a presença de sintomas ou não. Pacientes assintomáticas em uso de anticoncepcionais e/ou anabolizantes deve ser adotada conduta conservadora com a suspensão de tais esteroides. É esperado nesses casos a redução da lesão, com progressão ocorrendo em poucos casos (e nesses casos, a ressecção é indicada). O comportamento dessas lesões em pacientes gestantes, aonde a carga de estrógenos é aumentada é completamente aleatório, podendo variar da regressão a ruptura. Alguns autores advogam a ressecção eletiva de tais lesões previamente ao desejo de gestar.

Paciente que apresentam hemorragias importantes devido ao adenoma com quadros graves de hemoperitôneo e hipotensão devem primeiramente realizar ressuscitação volêmica. Uma opção urgencial efetiva é a embolização seletiva da artéria hepática comunicante ao adenoma, que quando disponível, deve ser realizada. Após estabilização do quadro, a ressecção eletiva do adenoma deve ser programada.

Massas sintomáticas devem ser ressecadas. Caso a ressecção seja optada, não há a necessidade de margens de segurança e ressecções atípicas podem ser realizadas. Com o avanço da laparoscopia, robótica e seus métodos auxiliares como os bisturis harmônicos, pinças seladoras, bisturis de argônio e materiais de hemostasia, cirurgias cada vez menos invasivas e seguras estão sendo realizadas, com a recuperação, melhora dos sintomas, período de internação hospitalar, retorno as atividades e complicações sendo cada vez mais otimizados.

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